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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Modéstia de Viver

É complexa a sensação de não se empolgar com mais nada; o sentimento de que as coisas sempre foram como se apresentam a mim, nada fenomenológico eu sei, mas o que fazer se nem mesmo viver eu sei?

Não aprendi a viver. Acordei hoje, abri os olhos - sim, porque o abri os olhos para mim é diferente - principalmente hoje que olhei para minha mão deitada sobre a cama como a mão de um cadáver e pensei. Bem podia mesmo ser a mão de um morto, mas é a mão de um vivo. Eu sou um vivo. Mas bem que eu poderia estar morto, nunca se sabe essas coisas não é mesmo?

Pensei que poderia morrer, já não me importo muito nestes dias...

Nada tem a ver com suicídio. E por que então você mencionou essa palavra proibida como se quizesse deixar um legado do que você pensa sobre isso tudo?

Sobre o que penso sobre a vida nunca ninguem ever vai saber. Porque simplesmente eu não sei .

Quero colocar um pouco de Clarice aqui:"...

E Eis que nao entendo o ovo. Só entendo ovo quebrado: quebro-o na frigideira. É deste modo indireto que me ofereço à existência do ovo: meu sacrifício é reduzir-me à minha vida pessoal. Fiz do meu prazer a minha dor e da minha dor o meu destino disfarçado.
E ter apenas a própria vida é, para quem já viu o ovo, um sacrifício. Como aqueles que, no convento, varrem o chão e lavam a roupa, servindo sem glória de função maior, meu trabalho é o de viver os meus prazeres e as minhas dores.

É necessário que eu tenha a modéstia de viver".

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